01 de Agosto de 2009. Sábado.
Saída 17h (Hora de Espanha)
Chegada 7h
Finalmente íamos partir.
Eu e o Nelson decidimos sair mais cedo do que o previsto para chegar a Algeciras ainda durante o fim-de-semana - é o início de Agosto.
Andávamos há algumas semanas bastante agitados. Vamos fazer uma grande jornada.
O material está já acondicionado nas respectivas mochilas. As máquinas fotográficas do Nelson estão prontas para entrar em acção e os meus caderninhos pretos preparados. O Jeep do Ibrahim, um Land Rover Discovery com um aspecto bastante rodado, já fez a revisão. Esperamos que cumpra a sua parte nesta missão. Contamos com ele.
Para já, eu e o Nelson, depositamos confiança no autocarro branco que abre agora a porta e nos convida a entrar.
Despedimo-nos da Sá e da Jacinta. O autocarro começa a rolar.
Este é o mês de uma enorme multidão de imigrantes marroquinos – já com autorização de residência – regressar, ainda que brevemente, a casa. Regressar, para gozar férias depois de um ano de trabalho nos vários países de acolhimento. O local de embarque é Algeciras. Por isso aí vamos. Não podíamos perder a oportunidade de registar este momento.
A nossa viagem começa, no fundo, pelo fim. Vamos acompanhar, por agora, os que estão já a viver na Europa. Estes, um dia também cruzaram o estreito - com ou sem papéis, com vistos de trabalho ou só de férias ou de outra forma qualquer. Para o caso ainda não interessa.
Saída 17h (Hora de Espanha)
Chegada 7h
Finalmente íamos partir.
Eu e o Nelson decidimos sair mais cedo do que o previsto para chegar a Algeciras ainda durante o fim-de-semana - é o início de Agosto.
Andávamos há algumas semanas bastante agitados. Vamos fazer uma grande jornada.
O material está já acondicionado nas respectivas mochilas. As máquinas fotográficas do Nelson estão prontas para entrar em acção e os meus caderninhos pretos preparados. O Jeep do Ibrahim, um Land Rover Discovery com um aspecto bastante rodado, já fez a revisão. Esperamos que cumpra a sua parte nesta missão. Contamos com ele.
Para já, eu e o Nelson, depositamos confiança no autocarro branco que abre agora a porta e nos convida a entrar.
Despedimo-nos da Sá e da Jacinta. O autocarro começa a rolar.
Este é o mês de uma enorme multidão de imigrantes marroquinos – já com autorização de residência – regressar, ainda que brevemente, a casa. Regressar, para gozar férias depois de um ano de trabalho nos vários países de acolhimento. O local de embarque é Algeciras. Por isso aí vamos. Não podíamos perder a oportunidade de registar este momento.
A nossa viagem começa, no fundo, pelo fim. Vamos acompanhar, por agora, os que estão já a viver na Europa. Estes, um dia também cruzaram o estreito - com ou sem papéis, com vistos de trabalho ou só de férias ou de outra forma qualquer. Para o caso ainda não interessa.
Sabemos que desde 2000, junto aos portos de embarque de Algeciras e de Tarifa, há enormes marés de pessoas e carros. Voltam à terra onde nasceram, à terra de onde partiram leves na bagagem e carregados de ilusões. Depois, quando foi possível, empacotaram todas as provas do seu sucesso. Verdadeiras ou alugadas.
Decerto contarão estórias. É preciso mostrar que venceram na Europa. É preciso provar que venceram a Europa. Outra vez.
Agora as bagagens são pesadas. Terão lugar nos carros e nas malas para as ilusões?
Decerto contarão estórias. É preciso mostrar que venceram na Europa. É preciso provar que venceram a Europa. Outra vez.
Agora as bagagens são pesadas. Terão lugar nos carros e nas malas para as ilusões?
O autocarro vai devorando lentamente – muito lentamente, para nós – os Km que nos separam do nosso primeiro objectivo.
Entretemo-nos com o que há: uma moçambicana, com uma bonita capulana sobre as costas. Ouviu-me falar do Gurúè e meteu conversa – a Augusta. De Albergaria até Coimbra (onde saiu) falou sem cansaço. Falaria até Sevilha se pudesse. Especialmente (ou sempre?) do seu gosto pelas festas em Maputo.
O Churrasco é a sua perdição. Contou um churrasco em Inglaterra, em casa do seu filho. Dissemo-lhe que íamos a Marrocos. Abriu muito os olhos e replicou: “O melhor churrasco da minha vida”. É divorciada. No fim trocamos telefones e prometemos fazer... um churrasco em Moçambique. Quem nos dera!
Gosto de pessoas com esta preparação física na arte de palavrejar.
Se ao menos, neste autocarro, pudéssemos ver mais que o serpentear da estrada e do êxodo veraneante - só pensamos em migrações, ocupam-nos todo o pensamento, como o churrasco da Augusta.
Se ao menos connosco seguisse um minúsculo grão de areia atraído pelo perfume do regresso, ainda que breve. Atraído pela travessia do estreito. O estreito que Europa e África namoram enciumadamente. Numa atracção fatal. Numa desgastante guerrilha. Desde que o mar lhes rasgou o véu do noivado.
De repente percebemos a força de invocar ao mesmo tempo o grande Alá dos muçulmanos e o grande Deus dos cristãos. Olhando para nós com um sorrisso tímido, com um boné à ciclista, com a pala para trás, pede licença para entrar na nossa história o Hami.
É marroquino. Vive no Porto. Vai para Algeciras. Como num guião, Hami aparece para podermos continuar a nossa viagem. Para eu poder terminar por aqui. Estaremos já em Sevilha. Hami ter-nos-á acompanhado até lá e mais além.
Fica para a próxima.
Estamos juntos!
(Fotografias: Nelson Garrido - Fotojornalista/ Público)
Boa noite!
ResponderEliminarMuito interessante o blog, continuem a dar novidades.
Para o Professor Miguel:
Gostaria de estar no seu lugar, deve ser magnífico e, quem sabe trazer um novo tipo de MARKETING (LOL)!
Uma óptima viagem e acima de tudo aproveite ao máximo!
Beijos
Lara, Conclusão
Força, Miguel!!! Essa esxpedição é uma verdadeira aventura! Um abraço...
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